Pular para o conteúdo principal

O MORALISMO CAPENGA: DADOS E FATOS SOBRE A CORRUPÇÃO NA DITADURA

Charge de Diego Novaes.
Será mesmo que na ditadura não houve corrupção?
No mês de Abril, fazem 50 anos do golpe militar e reunimos alguns trechos e dados onde evidenciam e comprovam a existência de corrupção no período da ditadura.
Vejamos alguns dados:

TEXTO 1
A velha corrupção
Por Joemir em: O correio do povo

Muita gente, repetindo os lacerdinhas da Veja, manda recados com o tradicional “não havia corrupção durante o regime militar” e “nenhum general presidente enriqueceu no poder”. Na primeira parte, confundem falta de divulgação com inexistência. Na segunda, consideram que sustentar um regime de tortura e morte é menos grave. A corrupção durante o regime militar foi uma constante. O historiador Carlos Fico, em “Como eles agiam”, mostra que a ação contra a suposta “crise moral” foi o mote dos militares. Sempre que a expressão “dissolução de costumes” se espalha, tem autoritarismo no ar. Os ditadores queriam acabar com a corrupção, que viam como um traço cultural muito “característico do brasileiro”.
O ministro Armando Falcão, pilar da ditadura, chegou a dizer: “O problema mais grave no Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”. Com o AI-5, de 1968, a ditadura dotou-se de mecanismo para confiscar bens de corruptos. A Comissão Geral de Investigações, criada em 17 de dezembro de 1968, propunha-se a “promover investigações sumárias para o confisco de bens de todos quanto tenham enriquecido ilicitamente, no exercício do cargo ou função pública”. A roubalheira correu solta durante todo o regime militar. Carlos Fico conta que, entre 1968 e 1973, auge da ditadura, a CGI analisou 1.153 processos de corrupção. Aprovou 41 confiscos de um total de 58 pedidos. Entre os investigados ou condenados, “mais de 41% dos atingidos eram políticos (prefeitos e parlamentares) e aproximadamente 36% eram funcionários públicos. Num único ato, em 1973, chegaram ao Sistema CGI cerca de 400 representações ou denúncias”. Seria o caso de dizer: nunca se roubou tanto no país quanto em 1973.

TEXTO 2
O combate à corrupção foi palavra de ordem durante a ditadura. Nos porões do regime, porém, a ilegalidade prevaleceu.
Combater a corrupção e derrotar o comunismo: esses eram os principais objetivos que fermentavam os discursos nos quartéis, às vésperas do golpe que derrubou o governo João Goulart, em março de 1964. A noção de corrupção dos militares sempre esteve identificada com uma desonestidade específica: o mau trato do dinheiro público. Reduzia-se a furto. Na perspectiva da caserna, corrupção era resultado dos vícios produzidos por uma vida política de baixa qualidade moral e vinha associada, às vésperas do golpe, ao comportamento viciado dos políticos diretamente vinculados ao regime nacional-desenvolvimentista. 
Animado por essa lógica, tão logo iniciou seu governo, o marechal Castello Branco (1964-1967) prometeu dar ampla divulgação às provas de corrupção do regime anterior por meio de um livro branco da corrupção – promessa nunca cumprida, certamente porque seria preciso admitir o envolvimento de militares nos episódios relatados. Desde o início o regime militar fracassou no combate à corrupção, o que se deve em grande parte a uma visão estritamente moral da corrupção. 
Os resultados da moralidade privada dos generais foram insignificantes para a vida pública do país. O regime militar conviveu tanto com os corruptos, e com sua disposição de fazer parte do governo, quanto com a face mais exibida da corrupção, que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura. Entre muitos outros estão a operação Capemi (Caixa de Pecúlio dos Militares), que ganhou concorrência suspeita para a exploração de madeira no Pará, e os desvios de verba na construção da ponte Rio–Niterói e da Rodovia Transamazônica. Castello Branco descobriu depressa que esconjurar a corrupção era fácil; prender corrupto era outra conversa: “o problema mais grave do Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”.


TEXTO 3
O caso da transamazônica
Por: Elder Dias
Um relato bem didático e sintético do que os militares fizeram para combater foi feito pelo historiador Carlos Fico, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e está no livro “Como Eles Agiam: os Subterrâneos da Ditadura Militar” (Record, 2001). Por exemplo, para executar o trabalho relativo ao tal Artigo 8º, foi criada a Comissão Geral de Investigações (CGI). Para vencer a vilã corrupção, seus membros passaram a atuar como super-heróis justiceiros por todo o País. Era como fazer a Rodovia Transamazônica: da mesma forma que seria “só” rasgar aquela mata com as máquinas do desenvolvimento, os paladinos da moralização ética precisariam “apenas” fazer cumprir aquele item do poderoso AI-5. Fácil.
Fácil até começar. Conforme relata o livro de Carlos Fico, para moralizar o país as 20 subcomissões da CGI tiveram de lidar com casos de corrupção tão diversos como o aumento de salários da magistratura e de membros do Tribunal de Contas do Paraná e o atraso de salários da rede municipal de ensino de São José do Mipibu (RN); o adubo superfaturado comprado pela Secretaria de Agri­cul­tura de Minas Gerais e a alta do preço da carne em Manaus; co­brança de taxas escolares indevidas no Espírito Santo e irregularidades na administração da Federação Baiana de Futebol.
Mas a população se envolveu. Assim como quando se multiplicou em “fiscais do Sarney” — o então presidente que, por ironia, se tornou um dos frutos mais viçosos que o período da ditadura ofereceria à política brasileira — pelo fim da inflação, acreditava que o fim da corrupção viria com a saga planejada pelos militares. “A força do discurso moral de combate à corrupção gerava simpatia em setores da sociedade, que encaminhavam, espontaneamente, denúncias à comissão”, relata Fico.
O problema é que os super-heróis do regime exorbitavam. Cometiam excessos variados e chegavam a se achar tão poderosos quanto a alta cúpula do governo, a ponto de criar atritos com diversos órgãos federais. Governadores se sentiram perseguidos.

Fascistas não passarão! Compartilhe nas redes a verdade sobre esse período corrupto e opressor.





TEXTO 1:
TEXTO 2
TEXTO 2
Síntese do texto: Fernanda E. Mattos, autora e colunista do Blog Um quê de Marx.
Licença Creative CommonsÉ permitido o compartilhamento desta publicação e até mesmo a edição da mesma. Sem fins lucrativos e cite a fonte. Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CHARGE: A indústria e a alienação do trabalho

A indústria e a alienação do trabalho A charge de Caulos, de 1976, apresenta uma crítica bem humorada ao processo de alienação do trabalho sofrido pelos operários nas fábricas. Fonte original: Caulos. Só dói quando eu respeiro. Porto Alegre: L&PM, 1976.p. 65. Digitalização: Fernanda E. Mattos, autora e colunista do blog Um quê de Marx. É permitido o compartilhamento desta publicação e até mesmo a edição da mesma. Sem fins lucrativos e cite a fonte. Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional .

''A ESCOLA DO MUNDO AO AVESSO'' - De pernas pro ar, Eduardo Galeano + Download livro em PDF

''O MUNDO AO AVESSO'' Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940) é um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História. “Esse livro é uma patada em cima da outra”. E m “De Pernas Pro Ar”, Galeano exerce todo seu conhecimento da cultura e política da América Latina sob o olhar atento de alguém que, desde 1971, com “As veias abertas da América Latina” vem criticando a exploração de nossa sociedade pelo assim por Deleuze chamado de Capitalismo Mundial Instituído. O mundo ao avesso é um mundo trágico, onde tudo acontece, um mundo onde não há resistência e sim apenas conformidade e visões distorcidas, em outras palavras, a escola do mundo ao avesso é a "contra escola existente". "O mundo ao avesso gratifica o avesso: despreza a honestidade, ...

"A carta do povo", manifesto enviado ao Parlamento inglês em 1838

"A carta do povo", o manifesto enviado ao Parlamento inglês em 1838. "A carta do povo", símbolo da organização política operária inglesa.  A influência do cartismo A influência do movimento cartista foi, portanto, decisiva para o surgimento do "comunismo operário". O cartismo, por sua vez, testemunha o impetuoso surgimento da classe operária no cenário social europeu¹.  Glossário Censitário: critério que exige uma determinada renda particular do processo eleitoral. Subversivo: que expressa ideias e opiniões buscando a transformação da ordem estabelecida. Texto síntese e Org. Fernanda E. Mattos, autora e colunista do Blog Um quê de Marx Blog. Postagem baseada na coleção: História, Editora: Iscipione. ¹ Referência utilizada da Introdução de: "Manifesto comunista" p.12. Editora: Boitempo. É permitido o compartilhamento desta publicação e até mesmo a edição da mesma. Sem fins lucrativos e cite a fonte. Crea...