"HÁ UM PREÇO A SE PAGAR PELA EXPANSÃO DO NEOLIBERALISMO": A eliminação do sujeito moderno. Parte I- Dany-Robert Dufour
Introdução ao tema
Relato de minha experiência: Sem devido o contato mais aprofundado desta obra, foi um tanto complexo compreender
a mensagem que o autor propõe à discussão. Afinal, o que viria a ser a arte de
reduzir cabeças? Logo no prefácio de "A arte de reduzir cabeças", Dufour evidencia o tema central de sua
obra, seria então, o neoliberalismo a tal arte responsável por reduzir o
pensamento dos indivíduos, nas palavras do autor: [...] o neoliberalismo é a arte
de reduzir cabeças, responsável pela redução dos espíritos [...] a inteligência
do capitalismo se pôs a serviço da “redução das cabeças”.
A
MORTE DO SUJEITO MODERNO E A “DESSIMBOLIZAÇÃO” DO MUNDO
O
autor discute em sua obra dois tipos de sujeitos, logo, duas possíveis “mortes”
que pelo autor é denominado de “eliminação do sujeito moderno” e a criação de
um novo, o “pós-moderno”. O primeiro seria o sujeito “kantiano”, crítico e o
segundo o neurótico, o sujeito “freudiano”, aos quais o autor logo remete a
influência dos mesmos em Marx.
Não
vou aqui aprofundar acerca dos dois sujeitos, sugiro a você leitor (a) aprofundar-se
em relação a este assunto, observe o esquema abaixo, que de modo sucinto vem
com objetivo de norteá-lo (la) no tempo e períodos históricos da idealização dos sujeitos.
Sujeito kantiano ___1800
Sujeito freudiano___1900
"No ocidente, o sujeito moderno está morrendo em sua dupla referência (kantiana e freudiana)". p.12
"A TROCA MERCADOLÓGICA HOJE TENDE A 'DESSIMBOLIZAR' O MUNDO"
O que é a dessibolização? É nada mais do que a troca de "um sujeito pelo outro", uma descaracterização operada pela mercadoria, na qual acontece a perda do valor simbólico,tudo é realizado de "modo mercadológico".
[...] "De modo geral, toda figura transcendente que vinha fundar o valor é recusada, há apenas mercadorias que são trocadas em seu estrito valor de mercadorias" p.13
Hoje os homens são solicitados a livrar todas as sobrecargas simbólicas e com a dessimbolização não há consideração (moral, tradicional, transcendental ...)
Um exemplo de dessimbolização é transformação (ou até mesmo aniquilação) de costumes, línguas tradicionais que vem sofrendo mutação com este processo.
"HÁ UM PREÇO A SE PAGAR PELA EXPANSÃO DO NEOLIBERALISMO"
Dufour considera a dessimbolização como "mutação antropológica", as trocas e valores entre os indivíduos tendem a desaparecer, é a condição humana que se modifica.
AFINAL, QUE TIPO DE INDIVÍDUO ESTAS A SURGIR?
A nova montagem do indivíduo, ou um novo objeto, se configura como simples mercadoria, um sujeito acrítico, conformista, como o autor mesmo define: "um sujeito no qual é melhor consentir do que se opor", o autor denomina um termo para este indivíduo, "o sujeito soft" (que em inglês significa suave, leve).
MAS COMO SE PODE OBSERVAR ESSA TRANSFORMAÇÃO?
Nem sempre será fácil identificar a dessimbolização, pois a mão do mercado "ela é mais invisível o possível" e se em alguma parte do mundo algum lugar não se encaixa num "modelo soft", sabe-se da intervenção no neoliberalismo nesta área, posto como indispensável para a "ordem, progresso e democracia", basta fazermos o exercício e olhar para as últimas décadas e observar as intervenções em certas regiões do globo, como Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia e recentemente na Ucrânia.
DANY R. DOFOUR
OBS. Haverá outras postagens com a continuação e melhor aprofundamento sobre a obra, fique atento (a) em breve publicaremos as continuações, pois se trata de uma obra extensa e densa.
Postagem
baseada na obra de Dany-Robert Dufour- "A arte de reduzir cabeças"-
Editora Companhia de Freud. Texto
síntese: Fernanda E. Mattos, autora e colunista do Blog Um quê de Marx. É permitido o compartilhamento desta publicação e até mesmo a
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