DIANTE DO PROCESSO ELEITORAL TORNA-SE IMPORTANTE RECORDAR A DIFERENÇA DE CONCEPÇÕES DE ESTADO ENTRE AS CIÊNCIAS SOCIAIS, POLÍTICAS E O SOCIALISMO.
DIANTE DO PROCESSO ELEITORAL TORNA-SE IMPORTANTE RECORDAR A DIFERENÇA DE CONCEPÇÕES DE ESTADO ENTRE AS CIÊNCIAS SOCIAIS, POLÍTICAS E O SOCIALISMO.
É famosa a escrita
de Karl Marx e Friedrich Engels no Manifesto Comunista de que "O governo
do estado moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a
classe burguesa" (1).
Ou seja, o Estado
moderno é o Estado da classe dominante - dos grandes capitalistas. De
fato, Engels argumenta que o
Estado desde a sua origem sempre foi o Estado da classe dominante, e seu
principal objetivo era garantir regra benéfica à determinada classe:
“Como o Estado
nasceu da necessidade de manter os antagonismos de classe, mas também surgiu no
meio da luta entre as classes, é, normalmente, o Estado da mais poderosa,
economicamente dominante, classe, que por seu intermédio se torna também a
politicamente dominante classe. E assim adquire novos meios de sujeição e
exploração da classe oprimida” (2).
O Estado antigo
era, acima de tudo, a situação dos proprietários de escravos para manter
pressionado os escravos, assim como o Estado feudal era o órgão da nobreza para
manter baixo os servos e escravos camponeses, e o Estado representativo moderno
é o instrumento para exploração do trabalho assalariado pelo capital.
Certamente, essas
não são os pontos de vista das ciências social e política, isto é, não é isso
que nos ensinam nas escolas. Ao contrário, ficamos sabendo que o governo
constitucional democrático, por meio de suas eleições, faz possível consensuar
os “grupos de interesses”. Ou seja, os partidos políticos e diferentes órgãos
do governo estão todos lá para que as decisões e disputas dos grupos
concorrentes possam ser pesados e equilibrados.
Tais pontos de
vista do Estado, vendida por departamentos da Sociologia e da Ciência Política,
assumem que a sociedade nada mais é do que um amontoado de grupos de interesses
concorrentes. O agregado que constitui “o povo”.
Portanto, tal
abordagem é típica das chamadas “ciências sociais” (aqui generalizadas para
melhor transmissão da ideia), onde os cientistas liberais raramente vão além da
aparência superficial das coisas na sociedade para descobrir as relações mais
fundamentais que regem o comportamento humano.
Cite-se um exemplo.
Há no eclético grupo liberal aqueles que argumentam que o comportamento humano
está enraizado na nossa natureza biológica, e por esse motivo eles chegam a uma
conclusão semelhante aos primeiros analistas liberais anteriormente citados:
eles concebem que as pessoas são, por natureza desagradáveis, violentas e
competitivas para os outros (uma suposição sem nenhuma cientificidade, que
criam simplesmente deslizando na superfície de sociedade existente). Dessa
forma, o Estado existe para regular essas tendências, de modo que a tutelar a
sociedade para que esta não entre em uma guerra de todos contra todos.
Para os
socialistas, o Estado tem raízes no desenvolvimento material e histórico da
sociedade humana. Surgiu assim que a sociedade começou a produzir um
excedente (geralmente com base na adoção do cultivo), mas onde o excedente
ainda não foi suficiente para fazer mais do que liberar uma pequena minoria na
sociedade da labuta diária difícil.
Em outras palavras,
o Estado surgiu como resultado do aumento (e em conjunto) das divisões de
classe, isto é, o Estado surgiu para ajudar a sustentar e desenvolver as
condições mais adequadas para o bombeamento do excedente dos produtores, sejam eles camponeses, escravos ou
trabalhadores assalariados.
E assim, ele
desempenha o papel significativo na economia
(como a construção de infraestrutura mais onerosa), na ideologia
(desenvolvimento de crenças que justificam certas regras sociais sem maiores
questionamentos) e na coerção (manutenção de uma força armada que podem ser
chamados a restaurar a “ordem” quando necessário).
"O Estado,
portanto, não existe desde toda a eternidade", escreveu Engels. (idem
2). Houve sociedades que se constituíram sem ele. Todavia, numa fase
definitiva do desenvolvimento econômico, o que necessariamente envolve a
divisão da sociedade em classes, o Estado tornou-se uma necessidade (idem 2).
Texto: Helio Rodrigues, Estado, Sociedade e poder na Contramão. Colunista e colaborador do Blog um quê de Marx. Textos de referência: (1) MARX, K. Engles, F. Manifesto Comunista. São Paulo: Editorial Boitempo, 1998, Trad. Álvaro Pina. (2) Clique aqui. A Origem da Família, da Propriedade e do Estado.
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