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CHE GUEVARA E O MARXISMO

PARTE I
CHE GUEVARA E O MARXISMO


“Guevara é um dos agentes internacionais do comunismo que agem clandestinamente”.

 (U.S New and Word Report, 9 de November, 1959, p.41)
As agências de inteligência Norte Americanas definiram Che Guevara como um agente comunista infiltrado em Cuba, porém, o que realmente Che Guevara buscava em sua luta? Como poderíamos afirmar que Che era um agente sem antes definirmos seu pensamento, sem buscarmos em seus escritos, discursos e histórias de batalhas vitoriosas e “úteis” para libertação de um povo. Quando dizemos que a luta de Che ajudou a libertar um povo não podemos apenas pensar que seus feitos apenas ficaram restritos a “Revolução Cubana”, a libertação de Cuba pela Revolução Socialista em 1959 pelo “Movimento 26 de Julho” liderado pelo então revolucionário Fidel Castro, grupo ao qual Che fazia parte. Esta façanha foi visto por nós apenas uma de suas contribuições para com a sociedade, pois, além de suas batalhas e virtudes de um autêntico Guerreiro Che também foi um intelectual, um “Marxista Dogmático” e devemos encará-lo a altura, devemos dar o devido respeito à sua obra, buscando em seus feitos entendermos sua busca por liberdade social.
De acordo com o cubano Mario Dalmau, Che Guevara já em 1954 aos 26 anos possuía um “pensamento marxista bastante claro”. Podemos ver em sua trajetória que o entendimento do marxismo não foi para Che um simples acumulo de conhecimentos teóricos e historiográficos simples e de âmbito acadêmico e intelectual, mas ao contrário o entendimento sobre o marxismo foi para Che um fruto de experiências vividas muito concreta, que uniu-se as experiências e viagens que realizou ao decorrer de sua vida onde teve contato direto com a miséria, a fome, as doenças que muitas das vezes não eram tratadas por falta de interesse público.
Mas o que de fato pensou Che Guevara ao iniciar uma luta em defesa da libertação de um povo? . O que teve de diferente sua visão de outros revolucionários como: Bento Gonçalves, Zumbi dos Palmares, Emiliano Zapata, René Descartes (na filosofia), Albert Einstein (na física), Antônio Conselheiro, Guilherme Tell (William Tell) Alexandre o Grande, Napoleão Bonaparte, Marco Polo, Cristóvão Colombo, Intelectuais da Revolução Francesa (vários): Montesquieu, Diderot, Rosseau, D`Alembert,São Tomás Morus (Saint Thomas More) pelo socialismo utópico, Aristóteles (na filosofia), Mao Tse Tung, Bill Gates, Gengis Khan, Maomé, Mahatma Ghandi, e tantos outros.
Podemos facilmente identificar uma grande diferença na forma em que Che Guevara diferencia-se de tantos outros revolucionários e libertadores, Che prioriza a formação de soldados rurais, prioriza a busca por alianças com camponeses, muitos escritores dizem que tal ato foi por apenas ele ser obrigado a trabalhar com as ferramentas que tinha no momento, mas não é de fato o verdadeiro motivo de Che priorizar o desenvolvimento e formação Rural no correr de sua luta, Che Guevara tinha uma visão diferente da maior parte dos revolucionários de sua época, ele não estava necessariamente em busca de uma libertação social privada de recursos, com apenas direitos positivados e com uma “Constituição”  que muito diz no papel mas de fato na prática não existe, não que os “Direitos Fundamentais/Humanos” não que os direitos positivados não sejam, foram e são importantes para o desenvolvimento saudável de uma sociedade, mas Che via mais do os diretos positivados em sua reivindicações, Che queria uma mudança real, e que atingisse principalmente e em primeiro lugar as áreas rurais. Che buscou a libertação dos camponeses e suas propriedades, em primeiro plano.
 Para Che a visão marxista representa a mudança na história do pensamento social não só porque traz uma interpretação cientifica da história, mas também por que introduz uma ideia profundamente revolucionária, assim para ele o uso da teoria se une a práxis e a partir de então se pode seguir adiante com a luta revolucionário, em uma de suas frases mais divulgadas e conhecidas entre seus leitores pode nos definir com exatidão esse seu entendimento “Não basta interpretar o mundo, é necessário modifica-lo” refletindo aqui uma leitura marxista da sociedade e assim buscando em sua ideologia utilizar tal teoria como base de entendimento social e assim Che buscou formar o maior número de marxistas que pode, como podemos encontrar em diversas bibliografias escritas sobre sua história, Che Guevara sempre lutou pela formação acadêmica de todos os guerrilheiros, não apenas o treinamento militar tático e priorizado para batalhas, mas também Che buscava o compartilhamento de seus pensamentos marxista-leninistas com todos os guerrilheiros, não admitia um guerrilheiro não saber ler e logo ao identificar um guerrilheiro analfabeto em sua tropa automaticamente iniciava Che ou delegava a um outro guerrilheiro a tarefa de formação sobre tal guerrilheiro analfabeto, Che buscou muito além de apenas formar soldados, em sua breve passagem, Che Guevara buscou a formação de cidadãos multiplicadores de conhecimentos, de formadores, de uma nova sociedade uma sociedade mais justa e igualitária, formada por igual desde sua base ajudando assim a todas as esferas da sociedade obterem um entendimento político, um entendimento sobre o melhor sistema de governo a ser seguido por um líder. 




Texto publicado por: Jonatan Afonso, estudante de direito, colaborador e colunista do blog um quê de Marx. Obra de referência: O pensamento em CHE, Michel Lowy, editora Expressão popular. Clique aqui e acesse a obra com desconto de 30% pela Pueblo Livraria.
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